COMO BRINCAM AS CRIANÇAS ATÉ OS 3 ANOS

O conteúdo de hoje foi baseado na abordagem de Emmi Pikler, a pediatra húngara que criou um novo modelo de cuidados com a primeira infância. 

O trabalho dela tem foco no desenvolvimento neuropsicomotor da criança a partir do movimento livre e, sua abordagem, possibilita que o cuidador entenda a criança e estabeleça um vínculo com ela. 

Abordagem de Pikler

A chamada abordagem Pikler-Lóczy, junção dos nomes da pediatra com a de seu instituto, ficou conhecida pela maneira de cuidar de crianças em ambientes coletivos, com foco na atenção e interação, bem como na liberação dos movimentos do bebê e orientação de sua autonomia.

Alguns princípios chaves que estão entrelaçados e norteiam essa abordagem tão sensível, são:

  • O bebê é um sujeito competente que necessita vivenciar a liberdade de movimentos. Ou seja, as conquistas motoras se dão de “dentro para fora”, respeitando seu tempo e seu ritmo.
  • Para que a criança possa aproveitar esses momentos de atividade espontânea e livre, é muitíssimo importante que ela tenha momentos de encontros com a figura de referência nos momentos de cuidado corporal. É muito importante ter clareza que o bebê se constitui psiquicamente sustentado pelo corpo e pela relação com o adulto, sua figura de referência. Aliás, o corpo é a via pela qual o sujeito vai começar a se relacionar com o outro. É preciso estabilidade e continuidade para que, aos poucos, o bebê possa nascer psiquicamente. Por isso, os momentos de cuidados corporais, trocas de fralda, banho e alimentação são de suma importância.  O olhar, os gestos e a voz dão um suporte e convidam o bebê a entrar gradativamente em contato com o adulto e descobrir o prazer de estar junto. Assim sendo, nesses momentos de encontro com o adulto é como se o bebê recebesse um aleitamento relacional, que lhe dá o sentimento de segurança e confiança para seguir adiante nos momentos em que precisará ficar sem o adulto por perto.
  • O engajamento e trabalho de equipe por parte dos profissionais que atuam com os bebês e profissionais. Uma grande ênfase é dada ao trabalho de observação do bebê. Para trabalhar com crianças tão pequenas é preciso saber observá-las e saber o que esperar delas, de acordo com a fase de desenvolvimento. Não existe um cuidador sozinho, é preciso que haja uma rede de apoio para sustentá-lo para que ele possa desempenhar de forma profissional e respeitosa sua função. Um dos recursos que o Instituto Pikler utiliza muito para o estudo é o registro audiovisual, que permite que uma cena ou um gesto do educador seja trabalhado com cuidado. Esses vídeos são extremamente ricos, pois ilustram na prática esses conceitos.

Os brinquedos do bebe

Segundo a Psicóloga Rita Góes Bezerra de Moraes, é preciso disponibilizar brinquedos que despertem naturalmente a curiosidade e o prazer de agir do bebê. 

O primeiro brinquedo de exploração e descoberta do bebê pode ser um pequeno lenço quadrado de bolinhas, por exemplo. 

Sendo leve, o bebê consegue apreender o lenço, trazê-lo para perto do rosto sem se machucar, fixar o olhar nas bolinhas e encontrar diversas formas de interagir com ele.

Sobre as explorações em conjunto com o cuidador:

Em um primeiro momento, o bebê brinca com seu próprio corpo e explora o rosto do adulto, ou suas próprias mãos podem ser uma brincadeira riquíssima. 

Olhar e estar perto pode ser de uma grande riqueza para sua constituição psíquica e sentimento de ser alguém. 

Em um segundo momento o bebê começa a interagir com brinquedos: uma pequena bola fácil de agarrar, figuras de pano ou pelúcia, bacias leves, pequenos potes brilhosos que servem de espelho, potes para brincar de esvaziar e depois encher, esconder/aparecer com o pano ou lenço.

Também vale destacar que muitos bebês não são adeptos aos brinquedos que ficam pendurados nos berços, porque o bebê além de estar aprimorando a visão, tem lá um estímulo que não está ao alcance dele. O mesmo vale para os andadores que, inclusive, não são indicados.

Respeite o tempo do seu bebê 

Atualmente, vivemos em uma cultura da antecipação. Mas é muito importante não antecipar do bebê posturas que ele ainda não conquistou por conta própria. 

Por exemplo: colocar o bebê sentado, quando ele ainda não descobriu por conta própria essa posição.

Muitas vezes escutamos “o bebê AINDA não levanta a cabecinha, ainda não rola, ainda não engatinha, ainda não anda”. É claro que precisamos ficar de olho nos marcos do desenvolvimento, mas isso cria uma ideia de que o bebê está atrasado de alguma forma e, dessa forma, deixa-se de olhar e perceber o quão ativo é esse bebê.

Portanto, é preciso observar, entender que cada criança tem seu tempo e, na dúvida, procurar um especialista para buscar saber mais sobre o desenvolvimento do seu bebê.

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*Conteúdo inspirado em áudio enviado no grupo “Mães em Tempos de Crise”, pela fonoaudióloga Cássia Taiana Cavalheiro dos Anjos, CRF 7-9276

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