E-book – Conheça 3 maneiras de alimentar a relação consigo e com o mundo

Você tem fome de quê?

Através da alimentação

Conheça 3 maneiras de alimentar a relação consigo e com o mundo

Fome física versus Fome emocional: compreenda essa relação

            Que nós, seres humanos, somos complexos não é novidade, não é mesmo? Agora, você já parou para pensar o quão interligado é o nosso “estado de espírito” com o ato de comer? Pois é, nos últimos anos vêm se falando sobre o comer emocional, que aborda o entrelaçamento que há entre o comer e as emoções. Este assunto é tão complexo, que a nutrição criou uma área, a comportamental, para estudar melhor esses fenômenos, pois há uma parcela de seus pacientes que apesar de consultarem-se regularmente, não conseguem seguir a dieta como solicitado, ocasionando uma taxa de desistência maior? e frustrando pacientes e profissionais. Junto desse movimento, viu-se também a importância do trabalho em conjunto com a psicologia para tratar desses casos.

            Agora, de onde nasce essa ligação entre o comer e as emoções? Bom, podemos pensar que, pelo menos, existe esta ligação desde o nascimento. Como assim? Já pensou o que o ato de mamar significa para um bebê? Além do leite ser a sua única fonte de alimento, o mamar também é o momento de conexão entre bebê e mãe/cuidador. É esta uma das principais ocasiões em que ocorrem trocas, afeto, cuidado, enfim, a ligação de vida entre dois seres, seja pelo peito ou pela mamadeira. Quer uma ligação maior entre o comer e as emoções? Difícil, né?

            Seguindo a linha do tempo, o bebê cresce e dá lugar à uma criança. Quais são os principais eventos que ela participa e que envolve outras pessoas além do núcleo que divide a casa com ela? Podemos pensar nos almoços de domingo na casa dos avós, aniversários de amigos, jantares com os amigos dos pais, enfim, a maioria das festividades estão ligadas a encontros com familiares/amigos e regados a comida.

A criança cresce e vira adolescente, as meninas iniciam com seus ciclos menstruais e junto a famosa TPM. A tensão pré-menstrual é conhecida pelas alterações hormonais que causa nas mulheres. Uma chuva de emoções. E qual a relação da comida com essa situação? O famoso chocolate como forma de amenizar a TPM. Mais uma vez observamos o quão interligadas estão as emoções e a comida.  

            A partir do recorte acima, podemos pensar que em cada fase da vida são feitas muitas relações entre as emoções e a alimentação. Seja pela alegria, onde utilizamos a comida como forma de comemoração (uma promoção ou novo emprego, aniversários de namoro/casamento, encontros entre amigos, uma boa nota na prova etc.), seja pela tristeza, quando utilizamos a comida como forma de conforto por este mal-estar (desemprego, término de relacionamento, uma discussão com alguém importante, sentir-se sozinho etc.). O contrário também é valido. Quem nunca comeu um bolo de maçã e teve um déjà vu? Como se tivesse sido teletransportado para a infância, na casa da vó e aquele bolo gostoso que ela fazia sempre que a visitava.

O que aprendemos dos exemplos acima? Neste momento acredito que já esteja clara a ligação que há entre o comer e as emoções. Agora, o que vale é estarmos atentos a esses movimentos para não cometer excessos, para conseguirmos diferenciar a fome fisiológica e a fome emocional e para quando optar pelo comer emocional, que seja de forma consciente para não abusar da comida por se sentir ansioso, entediado, triste, alegre etc. São tantas as situações e emoções que servem como desculpa de “eu mereço” para justificar uma saída da sua alimentação habitual como uma forma de carinho consigo mesmo, relacionando este agrado não com uma necessidade orgânica, mas sim psicológica.

 A partir disso, vale o autoconhecimento para criar outras estratégias para lidar com as alegrias e desconfortos emocionais, desvincular (pelo menos em parte) esta relação entre as emoções e a comida, pois o nosso corpo merece ser cuidado e nutrido conforme suas necessidades, e não somente por seus desejos emocionais, que em excesso irão prejudicá-lo. Lembre-se que uma alimentação balanceada vai além do emagrecimento. É um cuidado consigo mesmo. É promoção de saúde e bem-estar.

Através da Informação

 De que forma você constrói o mundo que vê?

Você já deve ter escutado em algum momento que hoje vivemos na era da informação. A internet possibilita entrarmos em contato com as mais diversas notícias, fatos, opiniões, publicações, livros, vídeos, filmes, pessoas e produções científicas – de quase todas as partes do mundo. Mas você já parou para pensar no impacto que as informações com as quais você entra em contato têm na sua vida? O que fazer com esse acesso enorme que se tem a tantas produções de forma quase instantânea? Você já teve a sensação de que não importa o quanto tente se informar, sempre perderá muita coisa do que ocorre no mundo? Já se perguntou sobre o quanto o conteúdo a que tem acesso nas suas redes é confiável? 

Uma coisa é certa, atualmente são muitas as interrogações sobre a nossa relação com as informações que recebemos – seja pelo acesso on-line, através da mídia tradicional ou vindas de pessoas mais próximas a nós. Estar em meio a tantas incertezas pode gerar uma sensação grande de ansiedade, de que sempre precisamos estar atentos ao que está acontecendo no mundo e nunca podemos nos desconectar. Uma consequência disso, por exemplo, é um aumento na dificuldade para ter uma boa noite de sono. 

A origem da palavra “informação” vem da antiga Roma, o Latim, e é derivada de “informare”, que significa “dar forma”. Este termo é composto pelos radicais “IN” que significa “em” e “FORMA” que pode ser traduzido como “forma” ou “aspecto”. Ou seja, as informações que recebemos participam da construção da nossa percepção sobre quem somos e sobre o mundo à nossa volta. 

Você pode pensar no seguinte exemplo: imagine que você tem alguns óculos de cores diferentes na sua frente. Se você colocar óculos com lentes amarelas, você vai enxergar todas as imagens em um tom de amarelo. Se você colocar óculos azuis por cima do amarelo, você verá tudo à sua volta em um tom de verde. O conjunto de informações com as quais entramos em contato e a forma que lidamos com elas, funcionam como esses óculos: conforme vão se unindo em nossos pensamentos, vão alterando nossa forma de enxergarmos o mundo. 

Por isso é tão importante refletirmos sobre como lidar com tantas informações disponíveis.

O primeiro passo para você lidar melhor com as informações é ter calma: você não precisa saber tudo e ter opinião sobre todas as coisas que estão acontecendo o tempo todo. Ter momentos de pausa, em que você pode pensar sobre aquilo que leu, assistiu ou escutou, podendo assim refletir sobre o assunto, aprofundando seus conhecimentos e entrando em contato com várias formas possíveis de enxergar o que está acontecendo pode ajudar muito a diminuir a ansiedade. 

O segundo passo é saber que existem mais acontecimentos e percepções diferentes das que você tem acesso em suas redes sociais: quando vamos construindo a lista de páginas que curtimos e que estamos acostumados a pesquisar, temos uma tendência a escolher assuntos que são mais parecidos com a nossa forma de pensar. Não se repreenda por isso. Nosso cérebro tende a buscar conforto e familiaridade e, às vezes, isso faz com que as informações que chegam até nós apenas reforcem aquilo que já sabemos e conhecemos.

Além disso, existe algo chamado algoritmo das redes sociais que são métodos para escolher o conteúdo visível para o usuário. A partir das suas preferências ele vai te alimentando com “mais do mesmo.” Desta forma, é importante ter cuidado para não construir pontos de vista muito limitados.

Voltando ao exemplo dos óculos. Ter consciência da existência de vários óculos com lentes diferentes, e que tudo bem não estar usando todos ao mesmo tempo, permite que você veja a sua vida com mais possibilidades, até mesmo em situações em que você se sinta “intoxicado” pelo excesso. O processo de psicoterapia pode ajudar você a encontrar sua própria forma de enxergar o mundo e filtrar as informações que o cercam.

Através das relações

Como você digere o que é seu do que é do outro

            A pandemia do coronavírus já completou um ano. Nesse tempo estamos vivendo um cenário de crise sanitária, social, ambiental, emocional e financeira. Há mais de um ano que as pessoas estão vulneráveis, com medo e preocupadas: as fragilidades estão expostas diante da ideia de finitude provocada pela possibilidade da contaminação. Isso tudo para dizer o mínimo, pois todos nós trazemos nossas questões singulares de história de vida, de traumas, perdas e marcas que foram despertadas e ampliadas.

            Se antes, quando os nossos medos, agressões, sentimentos difíceis, enfim, nossos “monstros internos” apareciam, podíamos preencher o tempo com trabalho, compras, viagens, dar uma volta para “espairecer”, ou qualquer coisa do tipo, agora não. Estamos presos em casa sem ter como fugir. O problema é que ao nos protegermos de uma ameaça externa, encontramos questões internas que muitas vezes estavam ali adormecidas e não resolvidas.

            É claro que cada um reage a esses sentimentos de formas diferentes. Alguns ficam mais irritados ou expansivos, outros mais tristes ou instáveis, e há ainda os que reagem como se nada estivesse acontecendo. É importante observarmos as inúmeras maneiras de sentir e reagir à mesma realidade. Isso vai depender da história, personalidade e valores de cada um. Mas uma coisa é certa: essa quarentena tem sido reveladora. Tanto sobre nós mesmos, que estamos nos deparando com tudo isso, quanto sobre as pessoas que convivem conosco, que também estão lidando com seus próprios medos, angústias e fragilidades. Afinal, estamos todos na mesma tempestade.

            Assim, os relacionamentos familiares também foram afetados. Se antes da pandemia, a casa e a família poderiam funcionar como um reabastecimento emocional, como um lugar onde se podia relaxar, descansar e alimentar-se emocionalmente de afeto e carinho, hoje esse ambiente pode ter se tornado excessivo, com falta de privacidade, devido à maior convivência e mistura do trabalho com as tarefas domésticas. Se antes o clima já era tenso, é possível que as brigas e discussões tenham se intensificado. Seja pelo excesso ou pela falta, todas as relações foram afetadas pela pandemia e pode parecer que estamos vivendo numa espécie de Reality Show familiar. No entanto, essa é uma ótima oportunidade para se conhecer e conhecer o outro.

            Pense bem: quantas características do seu parceiro, filho, pai, mãe etc. você descobriu nesse momento? Você se percebeu irritada, impaciente ou intolerante com questões que antigamente tirava de letra? Quantas coisas o outro te mostrou a respeito de você mesma que nem imaginava? Já se questionou se a maneira como leva suas relações são construtivas e saudáveis? Isso incomoda? Pois é, fazem parte de você.

            A realidade da pandemia e do isolamento está posta, não tem como mudar e não se sabe até quando seguiremos nela. Agora, a questão é: diante de tudo isso, de que forma você tem alimentado suas relações? Como você está se abastecendo emocionalmente?

            Mais do que nunca, é necessário exercitar o respeito, a compreensão e a empatia. Para isso é importante estar aberto a lidar com as diferenças, fazer concessões, combinações, respeitar o espaço do outro e procurar seu espaço. Um momento em que consiga ter alguma privacidade em meio a tantas limitações e excesso de convivência. É fundamental estabelecer acordos e uma divisão justa em que ninguém fique sobrecarregado. Para evitar desgastes é preciso delimitar atividades e fazer escolhas. Lembre-se que para se sustentar de forma equilibrada, o relacionamento deve ter uma via de mão dupla, em que todos cedem e se beneficiam.

            Na teoria parece fácil, mas e na prática? Para tudo isso acontecer, em primeiro lugar você precisa reconhecer suas próprias angústias, aceitar e estar “em paz” com as suas questões. É preciso entender que tudo bem não estar bem nesse momento, e que o outro também tem o direito de não estar. Contudo, para tolerar o outro, você precisa primeiro tolerar-se. Nesse sentido, uma boa forma de alimentar relações saudáveis é buscar entender o que se passa com você mesma e aceitar as suas limitações. É claro que isso não significa comodismo, ou ter que aceitar tudo. Pelo contrário. É a partir do seu autoconhecimento, que você tem a chance de expressar-se de forma adequada, sem agressões, e com uma postura madura, para poder ser entendida em seus anseios e solicitações, evitando ruídos na comunicação. Assim, torna-se possível “alimentar e ser alimentada” nas suas relações, fazendo escolhas saudáveis e equilibradas.

            O ser humano é, acima de tudo, um ser social. E a convivência é uma de suas principais necessidades. Tal qual a comida, as relações nos nutrem, são alimentos da alma. São esses vínculos que podem, ou não, contribuir para o seu crescimento pessoal, trazer algum amparo e conforto em situações difíceis, como no atual contexto de pandemia. As suas escolhas tanto na qualidade quanto na quantidade – no sentido de excesso ou falta de privacidade, convivência, limites etc. – podem determinar se as relações serão saudáveis e prazerosas ou tóxicas e destrutivas.

A partir das reflexões propostas te convidamos a refletir sobre como você lida com a comida, sobre as informações, relações e, especialmente, a pensar: você tem fome de quê?

Desenvolvido pelas psicólogas:
Bianca Beloqui- CRP 07/26874
Bruna Rabello de Moraes- CRP 07/26117
Kamyla Peixoto- CRP 07/27039
Laura C. Dentzien Dias- CRP 07/18454
Taciana Cimirro– CRP 07/15242

Revisão textual:
Fonoaudióloga Cássia Taiana Cavalheiro dos Anjos, CRF 7-9276

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