AUTISMO INFANTIL -PARTE 2

Características das pessoas com TEA

As características que serão descritas referem-se a todas as possibilidades já relatadas de comportamento que os TEA podem apresentar.

É importante ressaltar que isso não significa que todos apresentem o conjunto completo de características nem o mesmo grau de comprometimento, pois isso pode ser muito diferente para cada indivíduo.

Destacamos que pessoas típicas (que não são TEA) também podem apresentar algumas destas características sem maior significado.

Objetivando uma melhor compreensão será necessário repetirmos algumas informações anteriormente descritas, afinal a base do aprendizado é a repetição e o entendimento! Esta é a melhor forma de ensinar os autistas. Para melhor descrevê-las apresentarei em forma de queixas ouvidas por mim em consultório pelos pais de TEA´s:

  • – Ele não responde ao próprio nome !
  • – Ela não consegue dizer o que ela quer!
  • – Ele tá demorando muito para falar!
  • – Ele não obedece !
  • – Parece ser surdo!
  • – Ela não aponta para nada, nem dá tchau!
  • – Ele falava poucas palavras e agora não fala mais!
  • – O meu bebê não dá aquele sorriso, sabe de criança pequena!
  • – Ele prefere brincar sozinho, fica horas!
  • – Ele mesmo pega o que deseja!
  • – É muito independente!
  • – Às vezes parece muito precoce!
  • – Ele não olha muito nos meus olhos!
  • – Parece que vive em seu próprio mundo!
  • – Doutor acho que ele nos ignora!
  • – Porque não  tem interesse em outras crianças?
  • – Ele tem crises de raiva que nos deixa nervosos!
  • – Ele pode ser Hiperativo?
  • – Ele não sabe como brincar com brinquedos!
  • – Ele anda na ponta dos pés, é normal?
  • – Ele adora enfileirar tudo, que organizado!
  • – Acho que ele é muito sensível a alguns tipos de sons!
  • – Ele faz  uns movimentos estranhos!
  • – Ele não consegue brincar de faz de contas, sempre repete as falas do desenho da tv!
  • – Ele fala de um modo estranho!
  • – Ele parece muito arrogante/ prepotente!
  • – Acho ele muito inteligente, ele usa palavras que não são para a sua idade!
  • – Ele leva um adulto pela mão quando quer algo!
  • – Ás vezes dá uma resposta  incoerentemente às perguntas!
  • – Ele fica repetindo a última palavra constantemente!
  • – Ele tem uma memória incrível para logotipo!
  • – Ele gosta sempre da mesma coisa!
  • – Ele adora ver o mesmo desenho muitas vezes!

Todas estas queixas ou observações dos pais aparecem constantemente e são muito importantes para a definição do diagnóstico (uma psicóloga on line pode te ajudar). Apesar do grande desafio, a mudanças desses comportamentos é possível a partir de intervenções.

Como os autistas percebem o mundo?

Quanto mais nós conseguirmos entender como os autistas percebem este mundo mais próximos nós estaremos deles e, consequentemente, mais facilmente poderemos ajudá-los.

Refiro-me a características relacionadas a forma de agir e de pensar que partem de uma lógica particular e que, uma vez entendida,  facilita a compreensão de seus atos.

Por exemplo: é muito comum os autistas parecerem arrogantes ou prepotentes para as outras pessoas. Na verdade não são, como falam a verdade não tem o menor problema em dizer quando sabem de alguma coisa ou sabem que são muito bons em algo. Não entendem a necessidade de mascarar ou colocar-se de forma mais humilde socialmente. Simplesmente por uma questão de ser verdadeiro.

Nos autistas, os receptores presentes no nosso corpo que são responsáveis por transmitir todas as sensações para o nosso cérebro, até o momento são descritos como se fossem mais sensíveis do que na maioria das pessoas.

Sendo assim, os sons, cheiros, gostos e toques, as vezes imperceptíveis para a maioria, podem ser francamente dolorosos para os autistas e muito mais intensos.

Esta informação é muito importante, pois, às vezes, o ambiente que julgamos apropriado, inofensivo, muitas vezes, pode ser sentido como hostil. Por exemplo, o supermercado!

Dessa forma, situações como uma crise no meio de uma loja, shopping, etc…, por exemplo, que podem parecer sem sentido algum, na verdade tem um motivo: a demonstração de que a pessoa não está à vontade naquele lugar e que algo pode estar lhe “agredindo”. Não se preocupe! Isto não significa que quem recebe o diagnóstico de autismo não poderá mais sair de casa, mas sim que ao prestarmos atenção nessa forma diferente de perceber o mundo, será possível  identificar o agente “agressor” e, a partir disso, encontrar alternativas para amenizar o sofrimento.

Audição

Continuando o passeio sobre as percepções, a audição pode percebida por algumas pessoas autistas de forma hiperaguda, ou seja, é como se muitas pessoas estivessem falando de uma só vez, confundindo o entendimento.

Sons como a tosse, o liquidificador, o choro de um bebê, o giz no quadro negro e até mesmo os zumbidos de iluminação fluorescente são muito mais intensos do que sentimos.

Imagine, então, que o cérebro não consegue filtrar todas as entradas e fica sobrecarregado. Pode ficar muito difícil identificar o que, na verdade, deve receber a sua atenção!

Esta simples conclusão justifica uma atitude simples que pode facilitar a comunicação com os autistas.

Toda vez que desejar sua atenção procure se sobressair aos outros estímulos. Primeiro chegando perto, chamando a sua atenção e falando diretamente a eles, certificando-se do seu entendimento.

Olfato

O olfato, também pode ser muito sensível.

Cheiros de alimentos como  peixe e carne, o odor das outras pessoas, o fedor de cocô da fralda de um bebê apresentam um cheiro muito forte para alguns autistas que, na maioria das vezes, não consegue explicar exatamente o que está incomodando. Cabe as pessoas ao seu entorno o esforço em facilitar a identificação para a resolução do problema.

Um exemplo que gosto muito e que fica bem representativo é a luz fluorescente. Essa luz não é somente muito brilhante, ela também pisca com uma frequência que nós não percebemos, mas, os autistas sim.

Como podemos notar, a percepção dos sentidos é muito intensa, dificultando a concentração. Tudo isso pode fazer com que o autista tenha sentimentos de solidão e torna sua localização no espaço um pouco dificultada.

Conforme dito ateriormente, chamar a atenção dos autistas para que eles possam identificar o que precisa de sua atenção e falar com palavras simples a informação desejada facilita muito a comunicação.

Lembre-se que o pensamento de um autista é concreto. Isto significa que a interpretação de metáforas, expressões e brincadeiras com as palavras são mais dificies.

Para que uma ordem seja atendida ou mesmo uma explicação seja perfeitamente realizada ela precisa ser detalhada e concreta.

As expressões podem ser interpretadas de forma diferente também, por exemplo:

 – Estou podre de cansado!

Esta expressão pode ser interpretada como que a pessoa está ficando podre e pode estar em perigo.

– Vai chover canivete!

Pode ser entendido como um perigo sair de casa pois canivetes cairão do céu!

Comunicação

É importante lembrar que o Autista tenta utilizar todas as  possíveis para se comunicar, ele tenta com a sua maneira, que, nem sempre é a tradicional. Precisamos entendê-los e ajudá-los a adequar esta forma. Tente imaginar você querendo dizer alguma coisa em um país completamente diferente e que não fale a sua língua!

É comum muitos autistas utilizarem palavras ou expressões que ouviram na TV ou mesmo de alguém, repetindo sem a compreensão do que realmente significa. Ele repete na expectativa de se comunicar.

Porém na maioria das vezes não conseguimos interpretar, pois ficam fora de contexto. Nesta hora pode-se perguntar o que significa ou mesmo qual o objetivo, quase sempre receberemos uma boa “dica”.

Os Autistas tem uma capacidade muito grande visual, muito melhor do que a maioria das pessoas. Mostrar como fazer alguma coisa é muito melhor do que falar.

As palavras são muito rápidas para eles, até em função de muitos estímulos. Por este motivo os desenhos podem facilitar. Esta é a base dos PECs (cartões ilustrativos de atividades e respostas). Lembre-se que a repetição facilita o aprendizado. As figuras podem ajudar a antecipar o que acontecerá, trazendo calma.

Outro grande segredo da comunicação com os autistas é sempre antecipar os acontecimentos. Ou seja, sempre antecipar detalhadamente os acontecimentos futuros.

Por exemplo: Vamos ao médico as 15h:00min, ele vai conversar contigo, depois iremos passar no supermercado para comprar algumas coisas que estão faltando (se possível fazer uma lista e mostrar a eles o que será comprado) e voltaremos para a nossa casa.

Outro facilitador do desenvolvimento é a regra do reforço positivo. Sempre destacar as conquistas, falar sobre as coisas erradas, mas sem dar muito valor, sempre enfatizando que ele pode fazer melhor e irá conseguir.

Interação social

Como vimos anteriormente, as interações sociais são muito difíceis para os Autistas – não porque não desejem e sim porque é uma característica deles. Sendo assim, na infância pode parecer que eles não queiram brincar com outras crianças, por exemplo.

No entanto, muitas vezes eles não sabem como iniciar uma brincadeira, como entrar no jogo. Ensinar a brincar com os outros é muito importante. Você pode incentivar outras crianças a convidá-lo  para jogar junto. Com certeza o deixará muito feliz! Lembre-se que a as atividades estruturadas que têm início e fim são as melhores para eles.

Interpretação e linguagem

No universo da comunicação, outra dificuldade que os autistas apresentam, envolve a interpretação das expressões faciais e da linguagem corporal. Este entendimento do que cada expressão significa e compõe esta habilidade de se comunicar pode ser treinada.

Crie situações para ele entender, faça expressões de tristeza, raiva, felicidade, surpresa, etc, para que ele veja e perceba a diferença entre elas.

O mundo percebido pelos autistas, como vimos, é povoado de fortes interferências e estímulos múltiplos que confundem e atrapalham.

Na maioria das vezes, em um determinado momento um destes estímulos pode ser tão intenso que seja capaz de provocar uma crise, seja ela de gritos, movimentos, agressividade, etc. As crises acontecem porque um ou mais dos sentidos entrou em sobrecarga, ou porque foi empurrado para além do limite das sua habilidades sociais.

Identificar o que desencadeia crises! Este é um ponto fundamental. Tenha certeza de que as crises são muito piores para eles do que para nós. Se você conseguir descobrir por que as crises ocorrem, elas podem ser evitadas.

Uma forma de conseguir identificar os desencadeantes é manter um registro das vezes, da forma, das pessoas e das atividades nas quais as crises ocorreram. Faça anotações que posteriormente comparadas pode facilitar o aparecimento de um padrão e o motivo ficará mais claro.

Lembre-se que tudo é uma forma de comunicação!

Como é um autista na escola?

A escola, como para qualquer criança, é fundamental. Nesta instituição o aprendizado das matérias é apenas um dos benefícios que serão adquiridos.

Na escola aprendemos a ler, escrever, conhecimentos diversos, mas também aprendemos sobre as relações, sobre as diferenças, nos deparamos com nossas habilidades e dificuldades sem a facilitação do ambiente de casa e a interferência de nossos familiares.

As características de uma criança autista ficam mais evidentes no universo escolar, pela inevitável comparação com iguais, suas competências se evidenciam assim como suas limitações. Sendo assim, muito frequentemente quando uma criança do espectro passou desapercebida até então no colégio ela provavelmente aparecerá.

Claro, como vimos até agora, tudo depende do grau de funcionamento e adaptação desta criança. Alguns pais serão chamados pelo comportamento isolado, não participativo no grupo, outros por “birras” incontroláveis, ou até mesmo o comportamento da criança poderá passar quase desapercebido, simplesmente sendo considerado tímido e um pouco esquisito.

O desempenho escolar dependerá, então, do grau de funcionamento e capacidade intelectual.

Algumas crianças mais comprometidas começam a se distanciar das outras evidenciando um atraso, necessitando de mais ajuda. Com o passar do tempo, algumas crianças não conseguirão se independizar, outras precisarão de adaptações e outras ainda se destacarão na turma como excelentes alunos.

É evidente que a pergunta que surge é: como saber o que vai acontecer? Existem algumas características que podem nos auxiliar, mas o que sabemos até agora é que quanto mais precocemente ocorrer a identificação do diagnóstico e o tratamento, melhor será o resultado e mais adaptado e funcional será o desenvolvimento.

A escolha do colégio e suas características como: tamanho da turma, possiblidades de utilização de professores auxiliares na sala de aula, adaptações na estrutura contemplando o autismo, utilização de outros meios pedagógicos como computadores, enfim, uma melhor visão sobre a inclusão, vão fazer diferença para a criança.

Diversas estratégias escolares vêm sendo desenvolvidas ao longo do tempo. Sem dúvida os pequenos detalhes fazem diferença! Neste momento escolar, é fundamental o acompanhamento de um profissional especialista na área (Psicopedagogo, Pedagogo especial) para facilitar a comunicação entre escola e pais.

TRATAMENTO

O tratamento, basicamente, tem como foco melhorar a qualidade de vida das pessoas com TEA, adaptando situações para melhor utilização dos potenciais na escola, em casa, na sociedade em geral e o pleno desenvolvimento de suas capacidades.

Na maioria das vezes utiliza-se medicamentos focando nos sintomas alvo, por exemplo: ansiedade em determinados períodos, falta de sono, crises de agressividade, etc. Alguns momentos/ situações são mais difíceis do que outras e o remédio pode simplificar a passagem por estas dificuldades e reduzir o sofrimento.

Outra questão importante do tratamento refere-se a necessidade de profissionais diferentes para a mesma criança.

Dentre os profissionais podemos citar: o psiquiatra da infância e adolescência, neurologista, pediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, psicomotricista, nutricionista, psicopedagogo, pedagogo especial, terapeuta ocupacional, acompanhante terapêutico…

Em muitos casos é necessário o trabalho desses diversos profissionais ao mesmo tempo. Por exemplo, uma criança com atraso na fala precisa de um apoio de um fonoaudiólogo para promover o desenvolvimento mais rápido, facilitando a comunicação e consequentemente outros desenvolvimentos.

Cada um dos profissionais são sugeridos pelo médico responsável contemplando o momento, o desenvolvimento e as dificuldades individuais.

Sem dúvida, por vezes, o tratamento torna-se oneroso para a família, no entanto a proximidade de relacionamento com o profissional responsável facilitará a escolha de qual a urgência ou o especialista que deverá ser priorizado em cada momento.

Conclusão

  • Ninguem escolhe ter Autismo
  • Com o apoio e orientação, as possibilidades são maiores do que você imagina
  • Tenha paciência, paciência e paciência!
  • Ver o autismo como uma habilidade diferente e não uma deficiência
  • Olhe além do que você pode ver como as limitações e veja as forças

Sugestões de livros:

Adam (2009) – Jovem engenheiro eletrônico que acaba de perder o Pai. Ele tem dificuldade de socializar, vivendo isolado no seu apartamento excessivamente organizado em N.Y.

Código para o Inferno (1998) –  Simon, um garoto de 9 anos com autismo que quebrou o código indecifrável do governo norte americano. O filme retrata as habilidades especiais.

Forrest Gump, o contador de histórias (1994) – Ganhador do óscar de melhor filme, relata a jornada de um jovem cujo QI é bem inferior à média. O personagem apresenta traços de autismo como, ingenuidade, interpretação literal e o apego a rotina que o leva ao sucesso na vida. (netflix)

Mary e Max: uma amizade diferente (2009) – animaçao, história da amizade entre mary uma menina solitária sobrepeso e max, um judeu de 44 anos obeso e vive com Asperger.  (netflix)

Temple Grandin (2010) – uma professora universitária que tem autismo. Sua história é fascinante e o filme nos dá uma lição de vida sobre a superação de dificuldades e sobre a sensibilidade de uma pessoa encantadora.

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Texto desenvolvido pelo Psicólogo Especialista em Psicoterapia de Orientação Analítica Vinícius Lucietto Piccinini- CRP 07/25798

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